sábado, 10 de novembro de 2007

manhã. amanhã? a manhã! ah manhã...

observe só que manhã maravilhosa.
depois daquela chuva de ontem à noite, o sol nasce com um brilho explêndido e o friozinho que te faz se enrolar todo no cobertor aos poucos vai esquentando.
alguém da casa se levanta e prepara um café delicioso, que atiça o olfato e lhe faz acordar.
porém ainda de olhos fechados se ouve o som dos pássaros na árvore do quintal.
parecem avisar a todos que a noite acabou, e convidar a cada um pra ver esse lindo sol apontando no horizonte de mais um dia gostoso de se viver.
os olhos se abrem e aquela vontadezinha de ficar mais alguns minutos na cama se torna possível.
- hoje é sábado, perfeito - pensa-se.
ainda na cama e embaixo do cobertor o corpo se estica até onde consegue, alguns estralos e alguns gemidos, alguns supiros e um bocejo.
o corpo volta a relaxar.
um gosto de noite na boca e um impulso pro corpo se sentar na cama.
pela janela a confirmação: é dia.
lentamente uma perna escapa do cobertor e em seguida a outra, os pés tocam o chão e o corpo congela de baixo pra cima em alguns segundos.
uma sensação de frio arrebatadora é sentida.
os pêlos se ouriçam por instantes.
outro impulso e o corpo se levanta e se dirige até a cozinha onde alguém há poucos minutos estava tomando um café com torradas.
farelos sobre a mesa denunciam a pressa.
por causa do silêncio daquela manhã, na casa toda se ouve o barulho de uma cadeira sendo arrastada na cozinha.
alguém nesse momento deveria estar com uma xícara grande de café nas mãos, se preparando pra ler o jornal deixado sobre a mesa.
um assopro e uma névoa de vapor d'água se expalha por todo o lugar.
um gole, uma notícia, mais um gole, signos e cruzadinha.
algumas risadas das tiras de humor, meio tímidas e com voz de quem ainda está embaixo do cobertor, fecha-se o jornal.
passos até o quarto e alguém sai do banho neste exato momento.
um bom dia, um sorriso, um beijo.
após a doçura do encontro pela casa cada um segue uma direção.
um se arruma pra ir pro trabalho e sai com uma despedida apressada só pra variar.
bate na porta do banheiro e diz ao seu bem que tem que correr, até mais tarde e te amo.
no chuveiro o outro responde e continua seu banho.
uma gota de cada vez, uma parte de cada vez e com todo cuidado que seu corpo precisa.
sai do banho enrolado em uma toalha gostosa.
as pernas encontram o frio mais uma vez.
corre pra se enxugar na esperança de que o frio desapareça.
veste algo muito leve e passo-a-passo segue até a janela.
adimira o dia por mais alguns instantes.
- explendoroso - reflete.
sente-se entristecido por não estar ao lado de quem queria e lembra da afobação com a qual o viu levantar-se.
sorri apaixonado e volta pro quarto.
pega o livro na cabeceira da cama, aquele que lia ontem à noite só com a luz fraquinha do abajour pra não perturbar quem tanto ama e senta-se em uma poltrona confortável.
lê mais alguns capítulos até que o dia se torne pouco à pouco barulhento.
resolve ligar o som e arrumar a cama ainda desfeita.
depois de uma boa organização percebe que toda a casa está perfeita.
cada coisa em seu lugar, cada detalhe, cada canto, cada lâmpada, cada torneira...
se deita e cochila, até ouvir alguém na cozinha novamente e sentir um cheiro que só poderia vir de algum espetáculo feito especialmente pra agradar seu paladar.
era seu amor, já havia chegado há algumas horas.
se deitou ao seu lado sem lhe acordar e te abraçou pra repor as energias por ter ficado a manhã toda distante.
se levantou sem fazer barulho e te fez acordar como se a manhã fosse agora, com pássaros e cobertores, com olfato e paladar, com os olhos grudados e uma paixão ainda maior do que na "manhã passada".
- hoje é sábado, perfeito - sussura-se.